"O Tejo" do grupo musical Madredeus - 2ª fase do projeto BLIND DATE
“O Tejo”
(Madredeus)
“Madrugada,
Descobre-me o rio
que atravesso tanto
para nada;
E este encanto,
prende por um fio,
a testemunha do que eu sei dizer.
E a cidade,
chamam-lhe Lisboa
mas é só um rio
que é verdade,
só um rio,
é a casa de água,
casa da cidade em que vim nascer.
Tejo, meu doce Tejo, corres assim;
corres há milénios sem te arrepender,
és a casa de água onde há poucos anos eu escolhi nascer.”
Escolhi a música “O Tejo” do grupo musical Madredeus através do filme “Lisbon Story”. Onde o sonoplasta ao apreciar e explorar a cidade e os seus sons, conhece este grupo musical ,que por sua vez, lhe demonstra uma das suas músicas, nomeadamente “O Tejo”.
Através desta melodia consigo viajar até ao meu não-lugar, onde o rio Tejo transmite a sua presença através de uma imensa força e beleza que se fundem.
Na letra desta música é visível o encanto que o rio Tejo suscita, estando referida a importância do mesmo na cidade de Lisboa. O grupo Madredeus, nesta composição musical, retrata este rio fantástico, que envolve a contemplação do meu espaço, o Terminal Fluvial de Cais do Sodré, caracterizando-o como a única “verdade” da cidade de Lisboa. Identifico assim o meu “instante decisivo” em cada palavra harmoniosa de Teresa Salgueiro, sendo que é quando sinto e exploro de diversas formas este espaço, que consigo alcançar o verdadeiro sentido do meu ser encoberto. É este local que me oferece um abrigo, uma “casa de água, casa da cidade em que vim nascer.”, constituindo-se também pela ”testemunha do que eu sei dizer.”.
Este rio Tejo, tal como em “O Tejo”, transforma-se em espetador que observa o meu ser, envolvendo-se na minha alma. Porém, é capaz de retirar desta diversos sentimentos e sensações, nomeadamente a intensa nostalgia do passado, acompanhada por um extremo bem-estar, harmonia e capacidade de contemplação do Tejo, que transcende toda a antropologia deste local.
É neste sentido, que a melodia deste grupo, não se identifica apenas com a minha vivência deste espaço, mas também com a do pescador José. Algo evidente na primeira estrofe ao estar presente a referência à navegação feita no rio que foi realizada “para nada”. Neste sentido, José que explorou o mar e o rio Tejo, ao observar através do terminal o rio, para além de sentir uma imensa saudade pelo passado, revela também “Tenho muita pena da vida que levei”. Esclarece neste sentido, que ao abandonar o mar, um extenso sentimento de insegurança e auto-desconhecimento se apoderou do seu espírito, referindo com uma extrema tristeza “sem o Mar, já não sou ninguém neste Mundo...”.
Nota: esta música está audível no Blogue, contudo pode também a ouvir no youtube através deste link:
https://www.youtube.com/watch?v=_H9P9hZwjbA#t=36